Actualmente dispomos de tecnologia sofisticada que nos permite fazer uma avaliação, muito rigorosa e completa, do fenómeno complexo da marcha e, dessa forma, dar importantes contributos para o design dos sapatos. São exemplos disso:
> Uso de tapetes e palmilhas, com sensores de pressão integrados, para medir a dinâmica da pressão do pé nos sapatos;
> Uso de sistemas opto-electrónicos (do tipo scanners) para recolher as dimensões, a 3D, dos pés humanos;
> Uso de sistemas para recolha de dados funcionais associados à marcha (goniometria, acelerometria e fotogrameteria);
> entre outros...
Infelizmente, apenas as marcas de calçado desportivo e algumas, raras, marcas de calçado comum demonstram interesse por estas questões.
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No entanto, o uso da ciência e da tecnologia no calçado não é algo recente. O "shoe-fitting fluoroscope", que consistia numa engenhoca para fazer um "raio-X" aos pés, depois de calçados, era comum nas sapatarias americanas entre 1930 e 1950. Um dispositivo similar, o "Pedoscope", era usado na Grã-Bretanha por volta de 1925. O objectivo destes aparelhos era verificar, através da observação directa do pé no interior dos sapatos, se os dedos estavam correctamente posicionados lá dentro.
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Estas soluções tecnológicas foram usadas, sem grande contestação ou preocupação, até aos anos 50, quando começaram a surgir preocupações com a exposição à radiação. Nos anos 60 o seu uso foi banido.
A esta distância podemos achar idiota, e até anedótico, o uso desregulado da radiação mas, amanhã, outros acharão o mesmo de nós, a propósito de uma tecnologia qualquer que hoje usamos alegremente (ex. telemóveis, alimentos transgénicos, etc.). Esse é o preço a pagar pelo desenvolvimento.
No meu entender, a lição mais importante a tirar deste exemplo é a vontade de melhorar a adequação de uma solução ou produto, ao Homem, colocando a ciência ao serviço do design e não só!
Ler mais sobre o Shoe-Fitting Fluoroscope nos sites:
Oak Ridge Associated Universities | Wisconsin Historical Museum.
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