11 de março de 2009

Sabiam que # os raios-X foram usados para vender sapatos

Conceber bons sapatos deve ser mais do que uma questão estética e ir muito para além dos factores relacionados com a moda, devendo incluir preocupações com a saúde e conforto dos utilizadores. Nesse sentido, a ergonomia tem vindo a estudar a problemática do calçado e a contribuir para o desenvolvimento de melhores sapatos, que promovam o conforto e evitem a ocorrência de lesões/patologias nos pés e coluna dos humanos.

Actualmente dispomos de tecnologia sofisticada que nos permite fazer uma avaliação, muito rigorosa e completa, do fenómeno complexo da marcha e, dessa forma, dar importantes contributos para o design dos sapatos. São exemplos disso:
> Uso de tapetes e palmilhas, com sensores de pressão integrados, para medir a dinâmica da pressão do pé nos sapatos;
> Uso de sistemas opto-electrónicos (do tipo scanners) para recolher as dimensões, a 3D, dos pés humanos;
> Uso de sistemas para recolha de dados funcionais associados à marcha (goniometria, acelerometria e fotogrameteria);
> entre outros...

Infelizmente, apenas as marcas de calçado desportivo e algumas, raras, marcas de calçado comum demonstram interesse por estas questões.


No entanto, o uso da ciência e da tecnologia no calçado não é algo recente. O "shoe-fitting fluoroscope", que consistia numa engenhoca para fazer um "raio-X" aos pés, depois de calçados, era comum nas sapatarias americanas entre 1930 e 1950. Um dispositivo similar, o "Pedoscope", era usado na Grã-Bretanha por volta de 1925. O objectivo destes aparelhos era verificar, através da observação directa do pé no interior dos sapatos, se os dedos estavam correctamente posicionados lá dentro.





Estas soluções tecnológicas foram usadas, sem grande contestação ou preocupação, até aos anos 50, quando começaram a surgir preocupações com a exposição à radiação. Nos anos 60 o seu uso foi banido.

A esta distância podemos achar idiota, e até anedótico, o uso desregulado da radiação mas, amanhã, outros acharão o mesmo de nós, a propósito de uma tecnologia qualquer que hoje usamos alegremente (ex. telemóveis, alimentos transgénicos, etc.). Esse é o preço a pagar pelo desenvolvimento.

No meu entender, a lição mais importante a tirar deste exemplo é a vontade de melhorar a adequação de uma solução ou produto, ao Homem, colocando a ciência ao serviço do design e não só!

Ler mais sobre o Shoe-Fitting Fluoroscope nos sites:
Oak Ridge Associated Universities | Wisconsin Historical Museum.


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