16 de outubro de 2006

Ergonomia Kansei

A chegada de novos produtos ao mercado assemelha-se a uma enxurrada imparável e avassaladora. Esta é a resposta dos fabricantes ás exigências de uma mercado global fortemente concorrencial e a consumidores cada vez mais exigentes e sofisticados. A consequência mais evidente deste ritmo consumista é a redução do ciclo de vida do produto. Mas, para além das consequências ecológicas, que tal ritmo acarreta, também existem consequências directas sobre a prática do design. O designer deve ser capaz de, num período diminuto de tempo, criar soluções que integrem as necessidades emocionais dos consumidores, as suas preferências e todos os outros constrangimentos nos métodos industriais. Mas como nem todos os designers são génios, ou podem trabalhar com equipas numerosas, torna-se vital o recurso a metodologias projectuais que o ajudem a tomar a decisão correcta. Entre muitas outras metodologias disponíveis, hoje, destaco uma que pode servir para caracterizar, o mais cientificamente possível, o cliente-alvo, potencial consumidor/utilizador do design: a Ergonomia/Engª Kansei.

Se é relativamente fácil lidar com os aspectos físicos e métricos do Homem, o mesmo não se pode dizer dos aspectos emocionais e cognitivos. Com o objectivo de disponibilizar uma técnica, que possibilite a definição e quantificação rigorosas das impressões subjectivas e pessoais dos consumidores (emoções, impressões e o prazer), têm surgido diversas áreas de investigação: "Emotional Design”, “Affective Design”, “Affective Ergonomics”, “Pleasure with Products”. A ergonomia, também não tem ficado alheia a esta problemática, nesta área, a sua ferramenta mais conhecida é a Ergonomia/Engª Kansei.

O que é a Ergonomia Kansei?

A abordagem Kansei procura traduzir os sentimentos dos consumidores, em elementos perceptivos, que possam ser incorporados no design. Muitas vezes, também é classificada como uma engenharia sensorial ou usabilidade emocional. É uma metodologia, centrada no utilizador, de desenvolvimento de produto, que traduz as impressões, sensações e exigências dos consumidores em produtos existentes ou conceitos e parâmetros para soluções concretas de design.
A utilização das características sensoriais do consumidor no design foi uma prática que teve início no Japão na década de 70 do século passado, sendo Nagamaschi o primeiro investigador da ergonomia Kansei. Ele definiu-a como uma técnica de transformação do kansei humano em produtos de design.

Kansei é uma palavra Japonesa que significa o sentimento de um produto (kan significa sensitivity e sei significa sensibility) e implica as sensações psicológicas e a imagem que os consumidores têm em relação a um novo produto. A ergonomia Kansei foca capacidades humanas como a sensibilidade, o reconhecimento, a identificação, o relacionamento e a criatividade, pelo que, são fundamentais os contributos da psicologia cognitiva, pois irá ajudar-nos a perceber os modelos mentais criados pelo Homem na interpretação da realidade, através do processamento de informações sensoriais no processo de tomada de decisão do consumidor.
Saber como escolhem os consumidores é uma vantagem inegável! Hoje já ninguém acredita que os consumidores são racionais e são capazes de escolher o melhor. A "utility theory" foi preterida por outras abordagens mais holísticas.

Diversas empresas, que actuam em mercados altamente concorrenciais, usam a ergonomia Kansei para desenvolver os seus produtos e afirmam que, esta metodologia projectual, lhes facilitou a obtenção de produtos de sucesso.

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