28 de setembro de 2007

Métodos de avaliação em design #06



> métodos e técnicas:

5) Focus group

O focus group, em português "discussões de grupo", consiste, basicamente, em recorrer a um grupo de utilizadores (entre 6 a 12), reunidos em painel, para discutir determinado assunto. As sessões de discussão de grupo costumam durar, em média, 90 minutos ou, no máximo, 2 horas e devem ser coordenadas por um moderador experimentado, que ajudará o grupo a interagir e facilitará a discussão.

O focus group é usado, com frequência, para avaliar o impacto de campanhas publicitárias, para avaliar novos conceitos de produtos, ou em fases embrionárias de concepção e geração de ideias, onde importa saber a opinião do público.

Quanto à classificação do focus group, como método ou técnica, existe alguma diversidade de argumentos pelo que, é ainda uma discussão em aberto. Sendo método ou técnica, este procedimento pode ser usado nas mais variadas áreas, desde as pesquisas de mercado, ao design e à ergonomia ou na investigação científica em geral. É um processo de pesquisa qualitativa, onde o investigador recorre a uma estratégia de investigação indutiva para compreender o fenómeno. O seu protocolo inspira-se em entrevistas não direccionadas, privilegiando a observação e o registo das experiências, assim como das reacções dos indivíduos e do grupo. É frequente filmar-se as sessões para análise posterior.

O focus group poderá ser usado em qualquer fase do projecto, mais do que uma vez se necessário e será muito útil, sobretudo, na identificação dos aspectos que são muito importantes para os utilizadores e que, eventualmente, podem passar despercebidos, ou serem negligenciados, pelos designers. Com este intuito, o procedimento passa por pedir aos potenciais utilizadores que discutam os aspectos relativos à usabilidade das propostas em causa.

As principais vantagens, associadas ao focus group, são as sinergias que se criam entre o grupo, permitindo alcançar resultados mais ricos do que se conseguiria entrevistando as pessoas individualmente; a estimulação à participação e discussão dos temas; a espontaneidade e naturalidade das participações; a flexibilidade na introdução de novos tópicos interessantes que, não tenham sido previstos inicialmente; a profundidade que a discussão poderá alcançar; o amplo leque de dados possíveis; a rapidez e a facilidade em obter informação.

Contudo, o focus group também tem algumas desvantagens, que devem ser consideradas. A principal desvantagem reside no facto de ser estar a lidar com interpretações subjectivas de dados, logo, mais difíceis de analisar. Por outro lado, o investigador tem um menor controlo sobre os dados que são gerados pelo grupo, a não ser que recorra a questões predefinidas, podendo vir a obter dados que fogem ao âmbito do tema em questão. Existe, também, a possibilidade de alguns membros, com personalidades mais dominadoras, exercerem influência sobre as opiniões dos restantes, levando a que estes expressem uma opinião que não é a sua, só para serem coerentes com o grupo. Consequentemente, não é possível saber se a interacção do grupo reflecte, ou não, o comportamento individual. Também não é de descurar a dificuldade inerente ao conseguir reunir grupos de indivíduos para participar nas diversas sessões de trabalho.

Quanto a este último aspecto, é importante tomar alguns cuidados na selecção e organização dos participantes dos painéis. Por exemplo, os participantes podem ser agrupados de acordo com o seu nível de conhecimentos ou de experiência prévia, sobre sistemas similares, entre outros critérios pertinentes ao estudo. Para isso, é imprescindível que o problema em estudo esteja muito claro, na mente do investigador, antes do início dos trabalhos. Portanto, só com os critérios e variáveis bem definidas é recomendável seleccionar os participantes. O critério geral, a adoptar na selecção dos participantes, deverá ser o de garantir o equilíbrio, a homogeneidade e a heterogeneidade do grupo. Estas variáveis serão definidas de acordo com a natureza do problema em estudo. No entanto, os membros do grupo deverão ter alguma variável em comum.

Os trabalhos de avaliação podem ser realizados em diversas sessões, onde poderão ser aplicadas diferentes técnicas. Apesar de não haver um protocolo rígido, convém que estas reuniões sejam organizadas e controladas, de forma a garantir que os trabalhados sejam úteis e as discussões não se afastem dos aspectos importantes. É, também, vital garantir a participação de todos os membros do grupo, evitando que a influência de alguns, mais activos, acabe por abafar a opinião de outros, mais tímidos. Por essa razão, nos grupos de trabalho existirá sempre um líder, cuja função é semelhante à do presidente da mesa. Este líder deverá levar consigo, para as sessões, algumas questões pertinentes previamente preparadas. Estas questões serão úteis, quer para iniciar a discussão de aspectos que estejam a escapar aos participantes, quer para trazer a discussão de volta aos aspectos centrais.

Mais informação pode ser encontrada em:

The Use and Misuse of Focus Groups, by Jakob Nielsen.
233 Tips and Tricks for Recruiting Users as Participants in Usability Studies. Nielsen Norman Group Report.

How to conduct a focus group, by Judith Sharken Simon.
(pdf)

Structured focus groups

Six Sigma. Artigos diversos sobre focus group

Langford, J. & McDonagh, D. (2003), Focus Groups: Supporting Effective Product Development.

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