3 de maio de 2007

Tão pequeno e tão mau!...



Derivado a uma avaria nas antenas dos portões, do meu prédio, tivemos que substituir todos os comandos de abertura à distância. Até aqui nada de especial mas, o pior foi quando fui buscar o novo comando. Para além do preço do dito, quase 30€ cada um, fui obrigada a trocar um produto que era razoável por um mau produto. É claro que não adianta explicar, aos responsáveis do condomínio, porque razão aquela coisinha inofensiva é um bad design…

É verdadeiramente surpreendente como se consegue fazer tanta asneira num produto tão pequeno. Se me perguntassem, hipoteticamente, quais as possibilidades de um projecto deste tipo desrespeitar as mais básicas regras da usabilidade, eu diria poucas. Pois, se o dissesse, estava a errar. Isto só vem revelar que, infelizmente, há por aí muitos designers que não sabem o que fazem…

Mas vamos à análise do dito comando:

Vendo-o suspenso, dá ares de porta-chaves mas, as affordances que ele nos transmite são contraditórias, o que nos leva a hesitar na forma como lhe devemos pegar. O que é grave.

É inteligível que o botão de accionamento está naquela zona amarela. Essa informação é reforçada pela cor e pela forma, que se adequa ao dedo polegar. Mas, quanto ao sentido, ou orientação, do manuseamento, existem pistas opostas. Por um lado, recebemos pistas do lettering do logótipo e da luz avisadora, que está à esquerda do logo. Sendo que, a informação de orientação, ainda é reforçada por aquela oval que forma um bico. Por outro lado, recebemos a informação dada por uma seta, que está no outro topo (a vermelho) e que aponta para a direcção oposta. Reparem que, se lhe pegarmos desta forma, ao accionarmos o comando não iremos poder observar se a luz avisadora se acende. Este feedback, embora discreto, tem papel fundamental na usabilidade do produto, porque serve para nos confirmar que a acção está a decorrer. Dado existir um período de latência, entre o accionar e o portão se começar a mover, esta luz impede que se continue a carregar, sucessivamente, no comando podendo, dessa forma, parar a abertura. Para ajudar a confundir a decisão temos que pensar também na corrente do porta-chaves. Isto porque, não é nada natural apontar com uma corrente suspensa na ponta. O natural seria a corrente ficar dentro da mão. O que remete um manuseamento de sentido inverso…

Não é preciso fazer um grande estudo para compreender a interacção que está em jogo no uso deste aparelhito. Mas, é preciso pensar nela com algum bom senso. Por estas e por outras é que o designer deve socorrer-se de metodologias de análise robustas…

Para concluir devo dizer que, sinceramente, não sei como devo usar o meu comando. Felizmente, ele parece funcionar bem independentemente da forma como lhe pego. Mas, que é um bad design lá isso é!!!

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