31 de maio de 2007

Resolução de problemas e criatividade III



Poderia afirmar que, grosso modo, todas as pessoas são criativas mas, na verdade, o grau de criatividade é bastante variável. Para nós, professores, essa realidade é bem evidente. Por essa razão, o desenvolvimento do pensamento criativo é uma das minhas principais preocupações, enquanto docente.

A criatividade está relacionada com a cultura e a educação de cada um de nós. Será que se pode ensinar/aprender a criatividade?


Isso depende do que se entende por criatividade. Para mim, a criatividade define-se como uma actividade cognitiva, cujo resultado é uma nova visão do problema ou situação. Esta visão é muito vocacionada para os aspectos práticos do projecto, para a resolução de problemas e para a inovação ao nível das soluções. Nesse sentido, considero que é possível treinar as pessoas para adoptarem estratégias de raciocínio mais flexíveis e para praticarem técnicas que potenciem as suas potencialidades cognitivas. Claro está que, este grau de desenvolvimento, será limitado pela inteligência de cada um… Inegavelmente, há uma relação muito forte, mas não obrigatória, entre inteligência e criatividade (Butcher, 1968). Um outro aspecto comum, entre os que se destacaram pela sua grande criatividade, é a elevada capacidade de trabalho. Ou seja, a motivação, o empenho, a dedicação na resolução do problema é o grande motor da criatividade.


Infelizmente, do ponto de vista da ciência, ainda não surgiu uma teoria robusta que venha unificar o conhecimento existente sobre a criatividade. Aquilo que acontece, actualmente, é que existem diversas teorias, por vezes contraditórias e dispares entre si, que dificultam a compreensão deste assunto. Eu recorro ao estudo realizado por Hayes (1978) que sugere que, a criatividade pode ser aumentada através dos seguintes recursos:


> Aumento da base de conhecimentos sobre o assunto em estudo:

É óbvio que, se possuirmos uma base de conhecimentos forte, ampla e robusta em áreas como a ciência, arte, literatura, matemática, entre outros, estaremos mais aptos a raciocinar e a usar os nossos talentos naturais, logo, seremos mais criativos. Para os mais cépticos e mais preguiçosos deixo aqui uma sugestão: vão investigar a vida dos criativos que mais admiram e irão descobrir que eles são/foram indivíduos muito cultos… Portanto, aprender o mais que poderem, sobre aquele assunto que querem resolver, irá potenciar a vossa qualidade criativa!


> Criar a atmosfera certa para a criatividade:

Todos sabemos que as condições envolventes exercem grande influência sobre a nossa criatividade. De facto, daremos o nosso melhor se nos derem tempo e condições para as ideias incubarem. Mas, como nem sempre vivemos no mundo ideal há que saber dar a volta à questão. Por exemplo, devemos saber preparar o solo para a sementeira… ou seja, devemos recorrer a técnicas que sabemos serem úteis para a tal atmosfera. Por exemplo, o recurso ao brainstorming é uma excelente opção. As pessoas em grupo costumam dar asas à sua criatividade.


> Procurar analogias:

A análise do existente pode ser uma fonte inesgotável para a criatividade. Estudar a forma como problemas antigos foram resolvidos é uma estratégia, muito útil, para promover a criatividade.


Referências:

Butcher H.J. (1968). Human Intelligence: Its nature and assessment.
New York: Harper Torchbooks.
Hayes, J.R. (1978). Cognitive Psychology: Thinking and creating.
Homewood, IL: Dorsey Press.

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