18 de dezembro de 2005

Sem comentários

4 comentários:

Anónimo disse...

Por falta de comentários..., aqui deixo o meu testemunho, ou antes..., um testamento:

Gosto muito de andar de bicicleta!

Um amigo meu, não estava satisfeito com os travões da sua bicicleta velha e comprou uma nova, para não ter vergonha frente aos amigos.

É que ninguém quer ficar atrás...

Dez dias depois, num passeio tranquilo, em amena conversa com o amigo do lado, travou com as duas mãos ao surpreender-se com uma pedra no terreno.

Foi projectado no ar, bateu com a cara de frente no chão.
Foi em Maio.
Teve uma contusão no pescoço e ficou paraplégico.

Está no hospital de Alcoitão, a aprender tudo de novo, como falar, por exemplo.

Após uma operação muito delicada á coluna está empenhado em conseguir a sensibilidade nos braços e nas mãos.
Conseguir juntar o dedo pulgar ao indicador é o seu grande objectivo.
A oponibilidade que lhe irá proporcionar uma vitória imensa.

Por enquanto está a aprender a escrever de novo, com uma caneta presa aos dedos por um elástico.
Há também uns prolongamentos de dedos com uma bolinha na ponta para poder escrever no computador.

Exercicios como os movimentos peristálicos dos intestinos são o seu grande inferno entre outros que só sabe quem passa por eles.

Para as pessoas, que como o meu amigo, estão limitadas a mover-se numa cadeira de rodas, deveriamos desenhar um mundo com menos barreiras.

Quantas estações de metro novas foram feitas sem acessos para estas pessoas?
Quantos hospitais há, em que pessoas com este tipo de limitações estão interditas a entrar pelos seus próprios meios?

Sem comentários!
Tragam os corcodilos, tragam os corcodilos...

Atom Ant disse...

Infelizmente este mundo, no qual temos imensas responsabilidades, é bastante cruel e pouco amigável para quem têm necessidades especiais. Lamento o que aconteceu ao teu amigo, Fabs. A minha consciência está tranquila porque faço o que posso para estimular os futuros designers a estarem atentos a estas questões mas gostava que outros também estivessem.

Anónimo disse...

A Gaivota de Ramon Sanpedro para dois amigos que estão a viver momentos difíceis:


Este pobre marinheiro um pouco ingénuo e idiota
que vê uma gaivota e embarca no vento
a percorrer o mar

E apesar de não ter corpo,
deita a voar a alma
atada ao pensamento,
que é a sua forma de amar e de caminhar

Eu já te conhecia
e tu também a mim;
não sabia o teu nome
mas tinha a certeza
de que andavas por aí.

Não importa que te veja,
não importa que me chames,
esse deus que tu tens
e esse outro que eu tenho
pariram-nos iguais.

Por isso eu já te conhecia,
por isso nos queremos
apesar de todos os pesares.

Anónimo disse...

Obrigada Atom Ant e um abraço imenso com toda a ternura que me vai na alma!...