As mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.
Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.
E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.
De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.
Manuel Alegre
3 comentários:
A liberdade, assim como também os outros conceitos abstratos começam na cabeça.
Claro que sim amiga mas, sem acção, nunca passaria de um conceito... e dessa forma, pouco impacto teria nas nossas vidas!
Também não me parece que a liberdade seja um conceito abstracto. Parece-me que é muito subjectiva e circunstancial mas, é bem concreta... basta pensar no sofrimento que produz a sua ausência...
Claro, claro, de acordo.
De qualquer forma sinto sempre que o que me faz avançar numa determinada direcção é o desejo de ir nessa direcção e não a vontade própria das pernas, entendes?
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