24 de janeiro de 2007

Má campanha publicitária



Não sou especialista em Marketing e Publicidade mas, gostava de fazer uma pequena-grande crítica à campanha publicitária do óleo Vêgê. Esta campanha, que surgiu em Novembro do ano passado, desapareceu e infelizmente está agora de regresso.

Não possuo conhecimentos suficientes para dissertar sobre as vantagens e desvantagens de fazer uma campanha publicitária minimalista. Não sei se, fazer maus anúncios e assumir que não se tem dinheiro para fazer melhor, porque se investiu tudo em melhorar a qualidade do produto, é uma boa estratégia para vender óleo de cozinha. Mas, na minha modesta opinião, assumir que se está a fazer algo mau é péssimo e só serve para desculpar a falta de criatividade. Mas enfim, deixo isso para os entendidos.

O que me arrepia, sempre que vejo o tal spot televisivo, é aquilo que lá é dito. Numa das versões, que aqui exibo, uma rapariga vai dizendo umas coisas sem sentido, ao mesmo tempo que vai fazendo uns desenhos nas paredes brancas.

Diz ela:
“Este anúncio Vêgê é muito simples: (abre o marcador, vira-se para a parede e começa a desenhar) podíamos ter aqui uma cozinha design, com uns armários giros, umas flores bonitinhas. Tudo a cheirar a novo. Até podíamos ter aqui uma top-model, em vez de estar cá eu (…)” A conversa continua… terminando (…)”ficamos com um mau anúncio mas, um bom óleo!”.

Agora expliquem-me, se faz favor, o que é uma cozinha design?????

É uma cozinha com móveis giros, como se diz lá? Será que é um conjunto de móveis modernaços, com conjugações de cores e materiais improváveis?... Será um conjunto de móveis, que custa uma pipa de massa e que, eventualmente, são feitos em Paços-de-Ferreira mas são vendidos a dizer made-in-Itália? Serão móveis assinados por um tipo do Jet-Set, que fez um curso de decoração?

O que é que isso quer dizer?

Mas, se vão argumentar que, é assim que as donas de casa pensam… eu digo que, quem fez esta porcaria ainda é mais ignorante e inculto do que esse suposto grupo de consumidores. Eu estou disposta a tolerar más estratégias publicitárias mas, não tolero ignorância. Como é que uma agência tão credenciada, com profissionais de qualidade, pode vir para a TV dizer asneiras destas? Deviam ter vergonha.

Ficha técnica:
Título: Má campanha, bom óleo
Agência: McCann
Anunciante: Sovena
Produto: Vêgê
Directores Criativos: Diogo Anahory / José Carlos Bomtempo
Redactor: João Taveira
Director de Arte: Luís Carvalho
Produtor TV: Bruno Carvalho
Executivo de Contas: Célia Felix / Marta Pessoa
Produtora: Krypton
Realizador: Rogério Bolt
Som: Índigo

13 comentários:

Anónimo disse...

Não estudo design nem marketing, mas para mim é fácil perceber o conceito de cozinha design, e o de flores giras, nao percebes??... ''e só serve para desculpar a falta de criatividade.'' nada mais errado, o facto de esta publicidade ser diferente e ter sujeitado em ti vontade de escrever sobre ele demonstra por si só k é criativo, ''Mas, se vão argumentar que, é assim que as donas de casa pensam… eu digo que, quem fez esta porcaria ainda é mais ignorante e inculto do que esse suposto grupo de consumidores.'' então isto que dizes é que arrepia, porque estás a partir do principio que as donas de casa portuguesas são ignorantes e incultas, isso não é verdade, podem não ter conhecimentos de design, mas não lhes podes retirar a opinião e é obvio que a qualidade estética é o mais importante dos valores quando avaliam uma cozinha, mais não digo.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Atom Ant disse...

Caro Ivo Rodrigues, eu compreendo que, para quem não é entendido em design, este assunto possa parecer estranho mas, a verdade é que está totalmente incorrecto usar o termo design da forma que se faz neste spot publicitário. Passo a explicar. O design é um processo de concepção, que têm metodologias e pressupostos próprios, tal como acontece com muitas outras áreas. Por isso, o termo design não pode ser usado para representar determinada corrente de estilo, tendência ou moda. O termo design não é um adjectivo, não se lhe podem atribuir conotações que na sua essência não possui. Neste caso, eu acho que, o que estão a tentar dizer com a expressão “cozinha design” é uma cozinha que segue as mais recentes tendências dos fabricantes mundiais, uma cozinha inovadora e com boa dose de criatividade. Ou seja, nada de linhas tradicionais. Mas esta ideia é totalmente errada e típica de um leigo na matéria.

Quanto ao segundo aspecto mencionado e que tem a ver com o facto de se assumir que as donas de casa são um grupo inculto, o que eu quis exprimir foi exactamente o desagrado por este preconceito. Lamento que as minhas palavras tenham sido interpretadas de forma inversa.
Espero ter esclarecido o meu ponto de vista…
Obrigada pelo comentário.

Anónimo disse...

eu acho que a publicidade é mesmo má, mas todos falam nela, será que era para ser mesmo assim?

Nuno Petinga disse...

Cara formiga Atómica,

parece-me que está a tentar usar o termo design de forma extremamente redutora. o termo design, para além da definição que apresentou é usado para definir produtos não standartizados.

Não me parece no entanto que fique por aki a conotação do termos. parece-me tb que segundo aprendi na faculdade... tudo tem design.. mao ou bom acaba por tê-lo porque o termo design não implica engenharia!!! implica apenas um esboçoque se aperfeiçoa mediante as necessidades!!!

e por fim, os "leigos" a quem se dirige o anuncio percebem o sentido do que é dito!!!

concordo no entanto que o anuncio deixa algo a desejar!! o certo porém é que toda a gente fala nele!!! portanto, objectivo conseguido pelo McCann

Atom Ant disse...

Cara Petinga, como é óbvio, aquilo que escrevi sobre o termo design é apenas um pequeno resumo. Como é sabido, existem diversas definições e correntes dentro do design (tantas quantas os pensadores).Essa é, aliás, uma das suas riquezas.
A abordagem que defende no seu comentário é mais uma, entre muitas, mas não implica que aquilo que eu disse esteja errado ou que a sua invalide a minha. Na realidade, o que é dito no spot é que está totalmente errado e ninguém me pode convencer do contrário. Mesmo que argumente que, as pessoas leigas na matéria, compreendem a mensagem isso não invalida que estejam a dizer asneiras. E estão!

Este é um assunto muito interessante para se debater...

Alguns políticos costumam defender a máxima: mais vale que falem mal de mim do que não falem nada. Eu não concordo, mas essa é a minha modesta opinião e respeito quem tiver outra diferente.
Obrigada

Anónimo disse...

Estou de acordo com o vosso texto sobre este óleo que até tem um nome que não é grande coisa, mas que frita a 180 graus.

Esta campanha deu-me uma volta de 180 graus, mas foi ao estômago. Tão má que ela é.

Em Novembro de 2006 escrevi sobre esta coisa. Fico satisfeito de haver mais pessoas de bom gosto, que ligam a televisão e "levam com uma destas pela casa adentro".

Sou publicitário e tenho imensa pena do presidente da Sovena, empresa proprietária da marca VÊGÊ. Ele foi engrupido pela McCann.

Se tiverem interesse, o que escrevi está em: www.excess.pt/blog/

Atom Ant disse...

Caro João Oliveira,
Gostei bastante do seu artigo sobre o Óleo Vêgê. Parabéns pelo blog.
Obrigada

Anónimo disse...

A tua primeira frase dix tudo,"Não sou especialista em Marketing e Publicidade", nao es mesmo.
o que faz um bom produto nao e um bom anuncio, dai a ideia de nao gastar tanto dinheiro a fazer um anuncio.

Atom Ant disse...

Está certo, não sou especialista no assunto... Mas, posso ter capacidade de análise e, como consumidora, tenho o direito a ter opinião. Para mim, não é por a estratégia da campanha ser teoricamente boa (na sua opinião) que este anúncio é bom.
Um anúncio que diz asneiras é sempre mau... por muito boa que a campanha seja...

Anónimo disse...

A discussão é engraçadissima. De uma publicidade tão simples gerou-se uma grande confusão. A meu ver, penso que o facto de esta publicidade ser minimalista é o que vos encomoda, Ainda assim, o que vejo nessa publicidade é uma tentativa de impôr ao público um novo conceito de publicidade, e de certeza que não foi estabelecido por falta de dinheiro, apenas há bons e maus argumentos, apesar de que poderiam ter trabalhado melhor esse novo conceito.

mikkas disse...

Já há muito que leio e me dizem: Um produto só terá sucesso se se diferenciar dos outros. Na minha opinião pode estar mal feito ou não mas o conceito da publicidade diferencia-se de todas as outras publicidades e propósitamente ou não, gerou burburinho, chamando atenção ao produto.

Giordanio de Souza disse...

Achei muito criativa a publicidade. Mostra o que verdadeiramente precisamos ter e não o desejamos. Quando vimos uma modelo cozinhar com um oleo compramos por que a modelo cozinha com este oleo, e não porque é bom. Texto e Discurso. A propaganda apresentada elimina a ideologias.