7 de junho de 2007

Atenção! Se sofre de epilepsia desvie o olhar.

Foi com alguma surpresa que fiquei a saber que o vídeo de promoção da imagem dos jogos olímpicos de 2012, que se realizarão em Londres, tinha sido removido do site oficial dos jogos por causar ataques de epilepsia. Ao que parece, várias pessoas declararam ter sofrido ataques de epilepsia após visionarem o pequeno vídeo.
Um especialista em avaliação da foto-sensibilidade na tv, o professor Graham Harding, declarou que o filme não deveria voltar a ser exibido por não passar nos testes existentes para detectar se são perigosos para pessoas com esta doença. O problema parece residir numa pequena parcela da animação, onde um atleta mergulha numa piscina. Os efeitos de cores vibrantes, que acontecem sobre a água, parecem ser demasiado agressivos.

Perante tal escândalo, a organização dos jogos apressou-se a remover o vídeo e afirma que o irá reeditar para corrigir o problema. Ironicamente, este logo destina-se aos jogos olímpicos e paralímpicos em simultâneo sendo que, estes últimos, são para pessoas com deficiência...

Movida pela curiosidade, que este assunto me provocou, fui pesquisar algo mais sobre este tema e descobri uma enorme contestação à imagem escolhida para os jogos. Ao que parece, muita gente acha que a imagem é má e que não merece o dinheiro que pagaram por ela (400,000 libras cerca de 590,000€). Inclusivamente, já existe uma petição para substituição do logo dos jogos olímpicos de 2012 que, quando a consultei, já continha mais de 48.000 assinaturas. Essa contestação foi agora empolada por mais este fiasco e já assumiu proporções de anedota internacional.


O logo, criado pela agência de Wolff Olins, demorou um ano a ser concebido e foi inspirado na data 2012 mas, já o compararam a uma suástica quebrada e a coisas piores. Pelo que li, a intenção era criar um logo que fosse atraente, de forma transversal, ás diversas gerações. No site da BBC podem encontrar mais informações sobre o conceito que esteve na origem desta imagem. Certamente aflitos, com a avaliação negativa, os designers envolvidos já vieram afirmar que o logo é flexível e irá evoluir nos próximos 5 anos (que bela desculpa...).

Bom, se queriam uma imagem vibrante, jovem e agressiva conseguíram… só se esqueceram de investigar os limites neurológicos do público. Imperdoável. Afinal de contas, não somos todos iguais…

Depois disto, já não posso afirmar, nas aulas, que ninguém morrerá por olhar para um mau projecto de design de comunicação.

Obs:
>No site
Tailrank poderão encontrar imensos links para outros blogs e sites que dedicaram algum espaço a este assunto.

>Em baixo podem encontrar uma série de pequenos vídeos, disponíveis no YouTube, sobre este tema.

3 comentários:

Anónimo disse...

Gostei da conclusão e ocorre-me dizer, mais vale tarde do que nunca...

Atom Ant disse...

Pois é... por vezes, o que parece inofensivo contém perigos ocultos...
:-)

Anónimo disse...

Pois é...

Aquilo que nos difere dos outros animais é a nossa linguagem articulada que por si só é uma manifestação da nossa inteligência e não só da inteligência abstrata como também resultado da nossa necessidade de comunicar pensamentos e sentimentos.

Talvez até seja a linguagem a característica humana mais significativa.

Quando fazemos comunicação, estamos a passar mensagens.

Há quem pense que o design de comunicação visual é apenas um tratamento cosmético com formas mais ou menos interessantes que servem para "embalar/embelezar" produtos, sejam estes mensagens, ou serviços ou mesmo produtos própriamente ditos.
Mas não é!…

Bruno Munari, quando falava de comunicação visual distinguia a comunicação visual casual e dava o exemplo da nuvem que passava no céu e a comunicação visual intencional, dando o exemplo das nuvenzitas de fumo que os índios faziam para comunicar, por meio de um código preciso, uma informação concreta.

Joan Costa, um senhor que eu admiro muito, muito, muito, dizia num dos seus muitos livros que; "A identidade visual constitui uma das formas mais antigas da expressão humana por meio de signos e que hoje a identidade visual é aplicada de forma crescente e activamente, por empresas e organizações das nossas economias de mercado e também por organizações e instituições de todo o tipo como uma das estratégias fundamentais da comunicação."

E também podia falar da tipografia como manifestação visual da linguagem na sua função de converter caracteres individuais em palavras e as palavras em mensagens.

Um senhor ou senhora, talvez, chamado(a) Karen Cheng dizia a propósito da tipografia que: “ Mediante um sistema complexo de signos, sons e símbolos somos capazes de comunicar ideias e mensagens da nossa sociedade, que evolui de maneira incessante e global e por sua vez estas ideias e mensagens são uma informação que tem o poder de moldar a própria civilização.”

Pois é...,
Muito interessante!

Quem está a fazer design de comunicação visual, está a comunicar mensagens precisas destinadas a um público que pode ser específico ou muito amplo.

É claro que está a criar um imaginário visual que é também o argumento visual daquilo que ele quer dizer, pela forma como quer dizer e se diz.

E pretende-se que esse imaginário resulte em soluções estratégicas de design relevantes para o seu público.

A função de uma marca é identificar, um produto, um serviço ou uma entidade, distingui-la da concorrência, ser pregnante que está directamente relacionada á facilidade que esta tem em ser memorizada e ainda associá-la ás actividades da empresa ou aos produtos ou serviços que representa.

Mas antes de mais, nessa comunicação tem de haver intenções conscientes, do que se pretende comunicar, abranger, atingir, pelo menos para quem as faz.
Na sua percepção a intenção poderá ser inteligível de forma consciente ou não.
E não estou a referir-me a imagens subliminares.

Hoje em dia vê-se de tudo e ás vezes para competir com todo o ruído do mundo, vêem-se comunicações e marcas estupidamente agressivas.

É o vale tudo.
E está a ficar negro!…
E como hoje em dia há nuvens para todos os gostos, umas comunicam e outras nem por isso.

E das que comunicam mesmo, há ainda aquelas que não comunicam grande coisa, aí pois é…